Servidores da Justiça Militar participam de oficina de Linguagem Simples
Incentivar o uso de uma comunicação mais direta e de fácil
entendimento ao público que busca os serviços da Justiça foi o objetivo de
oficina de Linguagem Simples realizada na tarde desta sexta-feira (18/8), no
Laboratório de Inovação (Labee9) do TJRS. Os 30 participantes da atividade,
servidores estaduais do 1º grau de jurisdição (Turmas Recursais e Juizados
Especiais) e do próprio TJ, Servidores do Tribunal de Justiça Militar e um
Professor de Direito, acompanharam palestras de magistrados e uma Linguista e
participaram de dinâmica, que previa a escrita e correção textual.
A atividade faz parte da parceria firmada
pelos dois tribunais em acordo de cooperação assinado recentemente, que envolve
a troca de experiências entre os seus respectivos laboratórios de inovação,
Labbe9 e Nube9.
Pelo TJM, participaram da oficina os servidores Cesar Krebs,
Herbert Schonhoffen, Lisiane Daniel e Margarete Simon.
Desaprender o juridiquês
O Juiz de Direito André Luís de Aguiar Tesheiner, que
participa do projeto, acredita que o juridiquês, trazido dos bancos
universitários, torna as coisas pouco claras e desnecessariamente complexas. “A
gente sai da faculdade achando que escrever bem é como a gente lê nos acórdãos
e nos livros jurídicos”, comenta.
O problema, segundo ele, é quando isso se aplica ao mundo
atual, em que há maior acesso virtual dos usuários aos serviços da Justiça. “As
partes acessam seus processos diretamente, elas não entendem nada do que está
acontecendo ali. Isso na verdade acaba por negar a própria justiça, se elas não
compreendem aquilo que a gente está dizendo”.
Ainda conforme o magistrado, o objetivo das oficinas é
“sensibilizar as pessoas para essa realidade e trazer ferramentas para
simplificar a linguagem jurídica sem deixar de usar os termos técnicos”. A
pretensão é trazer as outras instituições do sistema de Justiça a participar.
A professora, Linguista e Tradutora Heloísa Delgado, foi a
primeira a falar aos alunos da oficina. Durante cerca de uma hora apresentou
exemplos de escrita em documentos judiciais, identificou problemas –
estrangeirismos, rebuscamento, repetições - palavras raramente usadas em outras
áreas e deu dicas de correção.
César Krebs atua no Laboratório de Inovação do Tribunal
Militar gaúcho, e participou da oficina com alguns colegas. Aprovou a experiência
pelo aspecto colaborativo, que vai ao encontro de estímulo a uma rede de
inovação. Em relação ao que viu na atividade, disse que a mudança na forma de
se comunicar exige reflexão. ”Desapegar de uma forma de escrita que a gente
aprendeu e fica preso. Esse tipo de exercício de alguma forma nos liberta e
estimula a buscar algo novo”.
A Juíza de Direito Ana Cláudia Cachapuz Silva Raabe abordou com os alunos o aspecto técnico da confecção das ementas, parte das decisões que trazem informações resumidas do que foi julgado, quem julgou e o resultado. A magistrada explica que a ementa é fundamental porque muitas vezes é a elas que se busca nas consultas processuais. Daí “a necessidade de usar as palavras-chaves certas, porque na busca da jurisprudência a gente vai encontrar com facilidade o documento que precisa”, conclui.
Com informações do TJRS.