O Poder Judiciário na pandemia: desafios e mudanças
Em um momento onde a insegurança causada pela pandemia
soma-se à insegurança de um país com conflitos econômicos, sociais e políticos,
o Poder Judiciário se destaca como um poder cada vez mais resolutivo,
acessível, econômico e ágil.
É o que destacaram os convidados do webinar “O Poder Judiciário após a pandemia: perspectivas e transformações”, promovido pela IMED, com apoio do Tribunal de Justiça Militar do RS, na noite de quinta-feira, dia 16 de julho. O presidente do TJMRS foi um dos palestrantes do evento que contou ainda com a participação da ministra do STF Carmen Lúcia, do presidente do Tribunal de Justiça do RS, Voltaire de Lima Moraes, e do presidente do TRE-RS, André Villarinho.
A mediação ficou por conta do presidente da IMED, Eduardo
Capellari, da professora e coordenadora do curso de Direito da IMED Porto
Alegre, Maria Cláudia Felten e do professor do curso de Direito da IMED Porto
Alegre, Voltaire de Freitas Michel.
Judiciário como
garantidor da constituição
No cenário de pandemia, segundo ela, o Poder Judiciário
cumpre seu papel de resolver conflitos nos limites da constituição e da lei,
mas também acelera as transformações do setor. “A pandemia veio antecipar um
modelo de maior aproveitamento, por exemplo, da telemática. O Poder Judiciário
no dia seguinte ao anúncio do isolamento social colocou em prática o modo virtual
sem deixar de fazer julgamentos e a prestação jurisdicional”, contou.
Sobre a principal missão do STF na pandemia, a ministra
destacou que o Supremo está onde sempre esteve: defendendo a constituição.
“Sempre atuando no sentido principal de acudir o que a sociedade considere mais
urgente. No momento, as principais demandas estão na saúde, na educação, no
trabalho e nas questões federativas. O STF atua de maneira mais rápida para que
a estabilidade das instituições políticas, estatais e privadas se mantenha”,
enfatizou.
Judiciário mais acessível, resolutivo e econômico
A pandemia, de acordo com o desembargador, também mostra
caminhos que vieram para ficar, como as conferências online, a acessibilidade
ao poder judiciário e as questões de economia. “Tudo isso faz parte de um
processo de gestão do poder judiciário. É claro que temos um gargalo, que é o
primeiro grau: o tribunal do júri. Muitas adequações são necessárias”,
comentou.
Apontado pelo desembargador como um poder extremamente
necessário para a sociedade e que decide questões complexas de cunho social,
político e econômico, o Poder Judiciário está se adaptando ao novo mundo do
trabalho, da formação e da pesquisa, segundo Fernandes. “Estamos sim dando
conta do recado”, finalizou.
O desafio das eleições
Os desafios do processo eleitoral frente à pandemia foram
abordados pelo desembargador e presidente do Tribunal Regional Eleitoral, André
Luiz Planella Vilarinho. “O processo eleitoral impõe desafios a todos nós. As
eleições em pandemia se tornam ainda mais difíceis”, relatou.
Segundo ele, as eleições de 2020 serão realizadas ainda sob
o efeito da Covid-19. “A esperança é que, em novembro, os efeitos da pandemia
estejam atenuados. Mas enquanto a vacina não for uma realidade, o risco
existirá”, comentou.
Para isso, vários protocolos e medidas são e serão tomadas
para garantir a segurança de eleitores e mesários. “Nessa linha, posso garantir
que o Tribunal Supremo Eleitoral haverá de fazer a eleição e administrá-la da
forma mais transparente e segura possível”, finalizou.
Pandemia exige muito do Poder Judiciário
Para o desembargador e presidente do Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, Voltaire de Lima Moraes, o Poder Judiciário pode ser dividido
em antes e depois de 1988, quando a Constituição trouxe transformações e
autonomia. “O Poder Judiciário é um poder inerte, ele age quando é provocado,
mas não é omisso, quando provocado ele se manifesta”, disse.
Para ilustrar o quanto a Covid-19 exige do Poder Judiciário,
o desembargador compartilhou dados do número de processos recebidos e julgados
no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul desde março: 4.746 processos
recebidos e, destes, 3.010 julgados.
“O Poder judiciário também doou para hospitais públicos e
privados 16 milhões e 500 mil das penas pecuniárias e os magistrados já
proferiram milhares e milhares de despacho e sentenças”, enfatizou,
acrescentando: ” Tudo isso numa situação atípica e complicada para todos”.
O evento teve apoio da ESA da OAB/RS, da AJURIS, do Tribunal
de Justiça do RS, da Justiça Militar do RS, da AMP/RS e do Tribunal Regional
Eleitoral.
Com informações da ASCOM/IMED