Ministro Luís Roberto Barroso toma posse na presidência do STF e do CNJ
O ministro Luís Roberto Barroso
tomou posse, na tarde desta quinta-feira (28/9), como presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Pelos próximos
dois anos, sua gestão priorizará a eficiência do Poder Judiciário, a defesa dos
direitos fundamentais e o desenvolvimento sustentável. Para atingir esses
objetivos, serão destacados três eixos de atuação: conteúdo, comunicação e
relacionamento.
O ministro esclareceu que o
conteúdo consiste em procurar aumentar a eficiência da Justiça, avançar na
pauta dos direitos fundamentais e contribuir para o desenvolvimento econômico,
social e sustentável do Brasil. “O segundo eixo será o da comunicação,
melhorando a interlocução com a sociedade, expondo, em linguagem simples, o
nosso papel, explicando didaticamente as decisões, desfazendo incompreensões e
mal-entendidos. E o terceiro será o eixo do relacionamento. O Judiciário deve
ser técnico e imparcial, mas não isolado da sociedade”, afirmou.
Ao falar sobre a defesa dos
direitos fundamentais, o ministro Barroso destacou que essas são causas da
humanidade. “Há quem pense que a defesa dos direitos humanos, da igualdade da
mulher, da proteção ambiental, das ações afirmativas, do respeito à comunidade
LGBTQIA+, da inclusão das pessoas com deficiência, da preservação das
comunidades indígenas, são causas progressistas. Não são. Essas são as causas
da humanidade, da dignidade humana, do respeito e da consideração por todas as
pessoas. Poucas derrotas do espírito são mais tristes do que alguém se achar
melhor do que os outros”, ressaltou.
Ele almejou que o STF aja com
autocontenção e em diálogo com os outros Poderes e a sociedade. “Em uma
democracia, não há Poderes hegemônicos. Garantindo a independência de cada um,
conviveremos em harmonia, parceiros institucionais pelo bem do Brasil”,
completou.
Ainda sobre a importância dos
direitos humanos, o ministro Barroso frisou que a história é uma marcha
contínua na direção do bem, da justiça e do avanço civilizatório. “Basta olhar
através dos tempos: viemos de épocas de sacrifícios humanos, despotismos
cruéis, inquisições e holocaustos até a era dos direitos humanos. Ainda não
plenamente concretizados, mas vitoriosos na maior parte dos corações e mentes”,
acentuou.
Na solenidade de posse, o
presidente do STF foi saudado pelo decano da Suprema Corte, ministro Gilmar
Mendes, pela procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, e pelo presidente
do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), José Alberto
Simonetti. Estiveram também presentes, na bancada, o presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, senador Rodrigo Pacheco e deputado Arthur Lira, respectivamente,
além de representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem
como da sociedade civil.
O ministro Luiz Edson Fachin foi
empossado no cargo de vice-presidente. Advogado e acadêmico, foi professor
titular de Direito Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde se
graduou em Direito em 1980. Tem mestrado e doutorado em Direito Civil pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pós-doutorado no Canadá. É
ministro do STF desde junho de 2015.
Histórico de atuação
Luís Roberto Barroso tornou-se
ministro do STF em 26 de junho de 2013. Antes, teve extensa carreira acadêmica
e na advocacia pública e privada. Formou-se em Direito pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1980. Em 1984, foi aprovado em 1.º lugar no
concurso para o cargo de Procurador do Estado do Rio de Janeiro. Em 1990,
concluiu mestrado na Yale Law School. Em 1995, tornou-se professor titular de
Direito Constitucional da UERJ. Em 2011, realizou estudos pós-doutorais na
Harvard Kennedy School e lecionou como professor visitante nas Universidades de
Poitiers (França), de Breslávia (Polônia) e de Brasília (UnB). Em 2018, foi
empossado como ministro efetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo
exercido a Presidência entre 25 de maio de 2020 e 22 de fevereiro de 2022.
Como advogado constitucionalista,
participou de grandes julgamentos no Supremo, como a defesa da Lei de
Biossegurança e o reconhecimento das uniões homoafetivas. Durante seus 10 anos
de atuação como ministro do STF, atuou de forma decisiva para proteger direitos
fundamentais, com expressiva contribuição para o reconhecimento dos direitos de
grupos vulneráveis, a exemplo de mulheres, pessoas negras, indígenas, privadas
de liberdade e LGBTQIAPN+.
Entre suas decisões, destacam-se as
que garantiram: a constitucionalidade das cotas para pessoas negras em
concursos públicos, a proteção da vida e dos territórios dos povos indígenas, o
reconhecimento do direito à herança de parceiros homossexuais nas mesmas
condições das uniões heteroafetivas, a proteção à moradia durante a pandemia e
a garantia de direitos dos presos, a partir de medidas de melhoria do sistema
carcerário.
TSE
Como presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), comandou as eleições municipais de 2020, com a participação
da sociedade civil, diante de todos os desafios logísticos apresentados pela
pandemia de covid-19. As eleições foram acompanhadas pela Organização dos
Estados Americanos (OEA), que ressaltou o alto nível de profissionalismo e a
solidez dos trabalhos realizados naquele pleito.
Sua gestão no TSE destacou-se,
ainda, pela inédita formação de uma lista tríplice exclusivamente feminina para
a composição da Corte, e pela garantia do direito de pessoas negras candidatas
a cargos eletivos ao recebimento de recursos púbicos proporcionais.
Agência CNJ de Notícias