8 de janeiro: CNJ reflete força das instituições na defesa da democracia
Fonte: CNJ
Os atos antidemocráticos praticados em 8 de janeiro de 2023
completam um ano nesta segunda-feira e despertam reflexões sobre o papel das
instituições na preservação da integridade e da defesa da democracia no Brasil.
No Conselho Nacional de Justiça (CNJ), representantes do Judiciário, do
Ministério Público e da Advocacia trabalham conjuntamente com o Sistema de
Justiça para cumprir a função que têm, em prol do Estado de Direito.
A estrutura da Justiça brasileira, assim como a democracia,
está respaldada pela Constituição Federal. Além da defensoria e da advocacia
públicas, o Sistema de Justiça é integrado pelos tribunais – que formam o
Judiciário -, pelo Ministério Público e pela advocacia privada, classificadas
como funções essenciais à Justiça. Com Plenário constituído por representantes
diretos de três dessas cinco instituições, além do Congresso Nacional, o CNJ
demonstra a força que tem para fazer valer o direito de todos.
Para o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Luís Roberto Barroso, os atos antidemocráticos de 8 de janeiro
de 2023 mostraram a capacidade de as instituições reagirem e fazerem prevalecer
o Estado de Direito e a vontade popular. “Embora possa parecer paradoxal, a
democracia brasileira saiu fortalecida do episódio”.
Relembrar para que não volte a acontecer
O ministro acrescenta que os atos mostraram que o
desrespeito continuado às instituições, a desinformação e as acusações de
fraudes eleitorais comprovadamente inexistentes, podem levar a comportamentos
criminosos gravíssimos. Para ele, relembrar os atos é uma forma de evitar que
tais distúrbios voltem a acontecer na história do país. “As punições estão
vindo e cumprindo um dos papéis do Direito Penal, que é dissuadir as pessoas de
voltarem a agir assim no futuro”.
Para o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe
Salomão, o ataque aos três poderes da República foi uma nota triste na história
do Brasil. Ele afirma, porém, que os acontecimentos fortaleceram ainda mais as
instituições brasileiras, principalmente o Judiciário nacional enquanto
defensor de garantias e direitos e da democracia.
“O Poder Judiciário desempenha um papel crucial neste
momento desafiador que atravessamos e temos o dever de responder da melhor
forma às pessoas que trazem seu problema para a Justiça”, afirmou Salomão.
Conforme o corregedor, a missão e responsabilidade do Judiciário é o de
resolver os conflitos, preservando as garantias e os direitos.
Justiça unida
Para o conselheiro Marcello Terto, representante indicado
pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a presença da advocacia na composição
do CNJ é essencial para o objetivo de materializar o ideal constitucional de um
Estado Democrático de Direito plural, justo e solidário. “Temos uma visão
multifacetada das necessidades das cidadãs e cidadãos brasileiros perante o
Poder Judiciário, consolidada a partir da bem-sucedida cooperação
institucional”, disse.
Terto afirma ainda que o marco estabelecido em 8 de janeiro
de 2023 representa o momento em que se testemunhou ameaça real e declarada aos
maiores símbolos da democracia brasileira, depredados por “uma turba violenta e
insensível a todos os elementos e valores históricos ali representados”.
“Advocacia e CNJ se irmanaram, como uma única força, capaz de fazer valer a
importância do último porto de que se podem valer os brasileiros para responder
aos ataques à democracia: o Poder Judiciário”.
O conselheiro Marcos Vinícius Jardim Rodrigues, também
indicado pela OAB no CNJ, reforça o papel de advogados e advogadas para
garantir o acesso à justiça. “A advocacia cumpre seu papel para a manutenção e
o amadurecimento do Estado Democrático de Direito, uma vez que sem ela não
existe acesso efetivo ao Judiciário e, por sua vez, sem Judiciário, não
subsiste sociedade livre e pacificada”.
Já sobre o papel do Ministério Público para a integridade da
democracia, o conselheiro João Paulo Schoucair, que é promotor de Justiça na
Bahia, ressalta a contribuição do órgão no CNJ para o planejamento das
políticas públicas judiciárias e a fiscalização da atuação financeira e
orçamentária do Poder Judiciário. “A atuação do parquet, ao longo dos anos, tem
contribuído para o aprimoramento e consolidação de um sistema de justiça cada
vez mais forte e respeitado”.
O diálogo com os demais componentes do Sistema de Justiça
promovido pelo Ministério Público é outro fator levantado pelo conselheiro
Pablo Coutinho Barreto, que destaca ainda a missão constitucional da
instituição que representa, de defender a ordem jurídica, o regime democrático,
os interesses sociais e individuais indisponíveis. Para o procurador da
República, a defesa da democracia não se limita apenas ao estrito cumprimento
das leis, mas estende-se à proteção dos direitos fundamentais de cada cidadão.
“O Ministério Público, ao atuar como fiscal da ordem
jurídica, contribui para a promoção da igualdade, da justiça social e do
respeito à diversidade, valores intrínsecos à consolidação de uma democracia
verdadeira”.